terça-feira, 10 de maio de 2011

JUVENTUDE E POLÍTICAS PÚBLICAS

Todas as vezes que políticos falam em políticas para a juventude, pensa-se logo em Educação. Sem sombra de dúvidas, a Educação deve ser um tema que norteie a politica para os jovens. Entretanto, muitas outras ações são necessárias.

Estamos às vésperas das Olimpíadas e pouco se fala em investimentos nacional, estaduais e municipais na área dos Esportes. Reclama-se, sim, do ócio, da acomodação e do ostracismo dos jovens. Mas o que a eles é oferecido?

Quais são as políticas públicas voltadas para o trabalho e o primeiro emprego?

O que temos de concreto é o Programa Menor Aprendiz, alguns projetos voltados para adolescentes em situação de risco e ações das iniciativas privadas.

Quantas reuniões, seminários ouvem-se anunciados para falar com o jovem ou, principalmente, para ouvi-lo?

Esta falta de conversar, esta falta de buscar respostas, levou-me, há poucos meses, a ouvir o silêncio de meus alunos.

Num bate-papo sem muito compromisso, um me disse que "Bicas não tem nada" para eles. Como a frase não é nova, perguntei-lhes o que seria ter algo. Um silêncio profundo se instalou na sala. O primeiro a se manifestar disse que "só tinha praça". A outra disse que só tinha "show com cantor ruim". E acho que a coisa parou por aí.

Perguntei quem havia participado dos jogos estudantis. Alguns se apresentaram. Indagados se gostaram, todos responderam que sim, mas faltavam outras modalidades, premiação, incentivo.

Numa conversa na sala dos professores do Estadual na semana passada, uma professora narrou um episódio triste. Alunos de uma escola pública de Juiz de Fora foram ao cinema num shopping. No meio do filme, a projeção foi desligada e eles foram convidados a se retirar, em função de tanta bagunça e sujeira que fizeram.

Jovens precisam, antes de tudo, ter educação como qualquer pessoa, mas até que ponto não faltou a estes adolescentes hábito de frequentar cinema, teatro, apresentações artísticas? Sem o hábito, dificilmente aprenderão como se comportar.

Quantos jovens cantam, encenam e dançam muito bem? E quanto o poder público investe nestes talentos?

Em meio a tantas indagações, reconheço que precisamos, adultos e jovens, repensar essa lacuna entre a fase de criança e a de adulto. Até porque, como os homens de boa vontade não têm pensado, os espertos estão cada vez mais adotando os nossos jovens.

                                                                                  Léa Castro
                                                                         Presidente do PT- Bicas